Há alguns dias, por sorte ou não, minha bateria acabou enquanto eu andava no metrô. Confesso ter ficar despontada de início, mas foi o suficiente para que minha atenção se voltasse para pessoas diferentes nos últimos dias. Reparei que 90% das pessoas que andam pelos transportes públicos de São Paulo se dividem em dois grupos: Os que conversam com os amigos e os que estão constantemente no celular. Não sou boa de chute, mas se estiver certa, creio que 70% deles pertencem ao grupo dos solitários, e os 30% restantes estão conversando sobre assuntos aleatórios, como futebol ou um amigo que traiu a namorada. O fato é que, apesar de parecer que vivemos numa sociedade egocêntrica e individualista, o medo dessas pessoas é exatamente estar sozinhos. A prova disso é que, mesmo cercados de outras pessoas, nos sentimos tão vazios que conversamos com a primeira pessoa do chat, curtimos fotos em redes sociais de pessoas que nem conhecemos, muitas vezes até a conhecida voz daquele cantor que estamos enjoados de ouvir nos serve de companhia. Gostaria de saber exatamente quando foi que nos tornamos isso, quando a companhia de um aparelho eletrônico tomou o lugar dos sorrisos e dos toques. Quando a mesa do restaurante deu lugar a videochamadas. Quando restringimos nossos grupos de amigos e fechamos nosso circulo de tal modo que ninguém entra, salvo algumas exceções que por vezes são apenas indicações de amigos já existentes, o que nos faz emergir num cenário sempre igual, nunca diferente. Não sabemos lidar com pessoas diferentes, opiniões diferentes, situações diferentes. Quando foi que desaprendemos a ser mais humanos e menos covardes?
E eu te pergunto: qual foi a última vez que você largou o seu celular e sorriu para a pessoa ao seu lado? Se não fez, faça agora.