Ela não se importava com multidões. Nunca quis se aparecer e nem ser o centro das atenções. Ela só queria encontrar alguém perdido num canto desses, alguém que não se importasse com a sua roupa ou a cor do seu cabelo. Ela queria alguém pra perguntar como foi o seu dia, alguém que se importasse com as coisas que se passavam dentro de sua cabeça. E num dia comum, num dia desses que se olha pra cima buscando um raio de sol, ela encontrou aquilo que queria. Ele. Que pra ela era a coisa mais linda do mundo, apesar de todos dizerem que ele não tinha nada de interessante. O cara que conseguia arrancar sorrisos dela só com um olhar, que conseguia fazer ela rir o tempo todo de coisas sem graça. Ela largaria uma aula chata na sexta feira só pra ver aquele sorriso de novo. E de novo. Ela iria para um barzinho no centro da cidade, quando chovesse, só pra ouvir as palavras que ele tinha pra ela. Ela só queria passar todos os momentos com ele. Mas a gente sabe que as pessoas não são perfeitas, muito menos os relacionamentos. Aconteceu com eles também. Ele, tinha a vida dele, talvez solitária, talvez não. Tinha seu emprego estável, um apartamento, e uma vida que certamente ele não trocaria por nada. Ela era uma maluca, mais uma como tantas por ai. Que adorava ver beleza onde nunca existiu. E foi assim que o encanto se perdeu, tão rápido quanto ele nasceu. As desculpas pra não se verem, as chateações do dia a dia... Tudo isso foi motivo pra que ela começasse a olhá-lo com outros olhos. No começo, era só chateação. Mesmo com tudo, sempre abria um sorriso quando ouvia o nome dele, e sempre cedia um espaço do seu tempo quando ele finalmente queria vê-la. Aos poucos isso foi perdendo a graça, e ela percebeu que não estava satisfeita com o pouco que tinha. Foi deixando de lado, e mesmo que seu coração implorasse pelo contrário, ela sabia que algum dia agradeceria por ser forte. E quantas vezes ela não chorou escondido nessas noites frias, que tudo que ela queria era ele? Fumava um, dois, três cigarros. Bebia quatro, cinco, seis latas de cerveja na esperança de que ele fosse embora junto com a sua ressaca. Não foi. Não foi porque ela ainda pensava nele. Não fazia questão de esquecê-lo. Se sentia triste, mas no fundo ainda tinha esperanças. Saia com outros caras, fumava mais um cigarro, transava mais um pouco. Sempre se cansava deles, porque eles nunca seriam ELE. Covardia com si mesma, talvez. E finalmente depois de meses travando uma batalha com ela mesma, ela acordou e percebeu que não precisava de nada além de si mesma. Amores vem e vão. Aquela não seria a última lágrima por alguém, na verdade nem queria que fosse. Ela queria mesmo era desfrutar de todas as possibilidades que a vida poderia lhe dar. Queria conhecer muitas outras pessoas, sorrir mais, e quem sabe, achar alguém que realmente valesse a pena. Não importava mais. De tudo o que aconteceu ela tirou uma lição: não era ele, nunca foi.
"Próximo, por favor."