"O que eu quero?"
Tenho feito essa pergunta
ultimamente. As vezes eu penso que ao invés de progredir, tudo está caminhando
pro início de novo, assim como o universo vai caminhar um dia. Talvez isso seja
tão natural que se tornou extremamente perturbador.
Estou agora sentada no meio
desse salão. O chão de mármore antigo me remete à anos atrás, talvez ensino
médio. A diferença é que há anos eu não estou mais nele, mesmo agindo como se
ainda estivesse. Ah, como eu odeio esses jovens espertos e decididos. Eles
conversam sobre o fim de semana e sobre seus planos para o proximo. Eles estão
tão felizes e eu só tento descobrir o que faz com que eles se sintam assim.
Há um lustre, ou algo do
tipo, tão antigo quanto o chão de mármore. Há também três estátuas. Não sei ao
certo quem são, mas tenho certeza que foram importes, visto que nuca fizeram
uma estátua com a minha imagem, ou a sua. Eu queria que fizessem uma minha,
hoje não mais. Quando você morrer não farão uma sua também, farão?
Provavelmente não, não farão porque certamente sua vida será tão insignificante
quanto a minha. Quando você morrer, afinal, só será lembrado na mente daqueles
que você conhecia, ou nem isso. Mas um dia eles irão também, e você não restará
em lugar algum. As coisas que você escreveu vão ser jogadas no lixo, suas
roupas vão parar sabe-se lá onde, ou seja, toda sua história deixará de
existir. Mario sergio cortella sempre diz pra viver em paz, e morrer em paz,
diz sobre ser importante pra algo ou alguém, mas será? Será que se lembrarão de
você algum dia, assim como você não se lembra das pessoas que viveram no sec X?
Quão injusto isso parece pra você? Digo, ser lembrado... Talvez eu não queira.
E a menos que as merdas que tenha feito na sua vida influencie a vida de pelo
menos umas mil pessoas, não vai ser importante, quem dirá então o que você fez
pra todas as pessoas. Então, faço a mesma pergunta que me faço há algum tempo:
o que você quer? QUEM você quer ser?
Porque, eu sei agora.
Eu não estou no mesmo lugar.
Decidi ir a todos os lugares que fizeram qualquer diferença nos meus últimos 12
meses. Eu decidi fazer qualquer coisa, e aqui estou, em um lugar chamado
"Orange Point" bebendo uma cerveja e , se você que está lendo esse
texto já foi comigo a esse lugar, deve estar se perguntando se esse texto é
sobre você.
Não, não é sobre você, mas
sobre mim, sobre mim e sobre todas as coisas que deram errado na minha vida, e
é sobre isso que vou escrever nos meus próximos textos. E não pense que eu sou
uma Hannah Baker suicida e que estou precisando de ajuda, eu só estou sendo eu:
bipolar, dramática e impulsiva, buscando por respostas pra entender que merda
isso se tornou. Não é sua culpa, é toda minha, porque no final das contas eu
sou toda errada. Consegui afastar todas as pessoas que, de alguma forma, faziam
parte da minha história, mas isso fica pros próximos textos, já que esse é
sobre um dos melhores lugares por onde passei. Não por ser bonito, ou me
remeter algo ou alguém, mas talvez porque tenha desencadeado diversas reflexões
que me fizeram entender que essa porra realmente está errada. Bom, é ótimo
estar sozinha agora, e ruim ao mesmo tempo, porque quando você não está aqui,
não há nada produtivo que passe pela minha cabeça.
Quantas vezes não cabulamos
aula pra vir aqui? E quantas vezes isso já não me ferrou? Ver você, sentir seu
cheiro, chegar em casa e saber que de novo eu fiz merda. Mas agora é
diferente, certo? Nós dois chegamos a um patamar em que, apesar de saber quase
(eu disse quase) tudo sobre o outro, parecemos desconhecidos. Eu mesma não me
reconheço, quem dirá você. Talvez tudo que passamos aqui, nessa porra dessa
mesa, estava errado, começando pela primeira vez. Jesus, como eu queria ter
feito muita coisa diferente, mas talvez você nem saiba disso. E, pensando bem
agora, talvez eu tivesse feito tudo exatamente igual. E sabe porque? Porque eu
tenho um enorme potencial pra fazer tudo errado, e você sabe disso, não sabe?
Então vamos formatar essa
merda agora.
Vamos apagar tudo que foi
construído aqui e reconstruir, de forma totalmente diferente. Afinal, esse
texto é sobre o que eu quero, e o nome desse blog é exatamente sobre utopia, e
foi exatamente isso que aconteceu todas as vezes em que estive aqui. Foi tudo
utópico, imaturo e prematuro. Então, porque não recomeçar?
Prazer, me chamo Crislaine
Macedo. E você? Me conte sua história, talvez de um novo ponto de vista. Aliás,
porque não marcamos de se encontrar aqui? De novo, e de novo, até que algum dia
eu consiga entender exatamente o porque tudo aconteceu assim? Seja bem vindo ao
meu novo, e igual, eu.