9.7.17

Inalcançável

Atenção, este texto não é sobre a pessoa que escrevi da ultima vez.

Hoje minha irmã comprou esfirras. Eu gosto de dois sabores: queijo e carne. Gosto da esfirra de queijo simplesmente porque amo queijo, e gosto da de carne porque, apesar de nunca ter gostado disso, ela vem com cebola. Você deve estar se perguntando porque estou escrevendo sobre esfirras. Bom, eu tenho uma mania estranha de sempre deixar minha comida favorita por último, e faço isso com qualquer comida. Se eu estou comendo arroz e batatas, sempre vou comer todo o arroz e deixar as batatas para o final, mas isso não acontece com as esfirras. Hoje eu comi a de carne primeiro, porque eu tinha certeza que queijo era meu sabor preferido, mas quando terminei, descobri que na verdade, carne era meu sabor preferido. Acontece que da última vez, eu tive certeza que carne era meu sabor preferido, então deixei a de carne por ultimo e depois, tive certeza que queijo era meu sabor preferido. Isso significa que da próxima vez farei a mesma coisa, consecutivamente até o último dia da minha vida. As pessoas vivem me perguntando o motivo de trocar tanto a cor do meu cabelo, ou porque simplesmente vendi meu celular e comprei uma câmera, e agora comprei o mesmo celular outra vez. Cheguei a acreditar quando minha mãe disse que eu tinha algum problema comigo mesma, ou qualquer coisa do tipo (e na verdade ainda acredito as vezes), mas a sanidade é superestimada, sempre disse isso.

Lembra-se que eu disse no começo do texto, que este não era sobre a mesma pessoa que escrevi da última vez? Pois bem, vai parecer. Vai parecer porque a resposta para o meu dilema com esfirras é o mesmo para qualquer coisa na minha vida. Eu já havia descoberto isso há tempos, mas cada dia mais eu tenho mais certeza. Talvez não aconteça só comigo, mas eu sinto que isso fode com a minha vida. Esse texto é sobre você e esfirras, meu caro, e se você está se perguntando afinal qual a resposta pro meu dilema, peço que volte para o começo do texto e só volte quando descobrir o que está deixando passar.

Seu nome ocupou um espaço significativo na minha cabeça nessas últimas semanas, e é por isso que não me atrevo a dizer absolutamente nada sobre isso, apesar de ter vontade de dizer todo tempo que está comigo. Esse é o jogo, e todas minhas relações são assim, e depois torna-se desinteressante.

Se você que está lendo esse texto sabe do que eu estou falando, então deve entender porque eu sou uma má pessoa (não má, mas talvez problemática seja a palavra certa), e que talvez você deva fechar essa aba agora e me excluir do seu ciclo de amizade. Se continuar lendo esse texto, recomendo que não deposite em mim quaisquer esperanças de ser resgatado pelo meu amor pisciano, e não, não estou dizendo isso unicamente de forma amorosa.

Bom, não vou atrapalhar sua vida com meu drama bobo de adolescente que vive em um mundo pós traumático, mas essas malditas esfirras me fizeram entender que eu não posso ficar parada. Não posso parar em um lugar, algo ou alguém. Reforço a palavra “alguém”, já que pessoas são atraso de vida. Pessoas nos fazem desistir de tudo, absorvem tudo que podem e depois nos deixam ir. Provavelmente eu faria isso com você, por isso não te julgo por ter feito comigo. Você sugou tudo que eu tinha naquele momento, e eu sempre achei que na verdade estivesse me ajudando. Pessoas como você, digo, pessoas imóveis, que não vão a lugar nenhum, são um saco de merda. Vocês vivem num ciclo idiota de aceitação e por Deus que eu não consigo entender como você consegue viver com isso. Você acha que o passado te tornou mais forte e aceita o futuro do jeito que vier. E o presente? Ele não existe pra você? Se esqueceu dele e vive como um adolescente idiota? As únicas coisas que movem sua vida são as coisas que aconteceram e as que ainda estão por vir.

Certo. Vamos parar de falar sobre como nossa vida é uma merda e vamos aproveitar que você não está aqui lendo esse texto, (e mesmo que esteja, não faz ideia de que ele foi escrito pra você) e vamos dar um basta na história das esfirras, porque pior que amar uma esfirra, é nunca provar por medo de errar. Certo?

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